No centro dessa história estão duas figuras fundamentais: John Vincent Atanasoff, professor de física e matemática, e Clifford Berry, um estudante de pós-graduação em física e ex-aluno de engenharia elétrica. A colaboração entre eles resultou na criação do Atanasoff-Berry Computer (ABC), o primeiro computador digital eletrônico do mundo. A concepção do ABC começou com o desejo de Atanasoff de contratar um estudante de engenharia elétrica, o que o levou a conhecer Berry por meio de uma recomendação do professor Harold W. Anderson.
The Atanasoff-Berry Computer
O ABC, construído entre 1937 e 1942 na Iowa State University, era muito diferente dos dispositivos modernos. Assemelhava-se a uma grande mesa, pesando cerca de 340 kg, e incorporava tambores giratórios para memória, tubos de vácuo brilhando com promessas, e um sistema de leitura/gravação único que gravava números em cartões com marcas de queimadura.
Apesar de sua aparência primitiva, o ABC foi revolucionário. Foi a primeira máquina a implementar características que hoje são fundamentais nos computadores modernos:
A jornada do ABC não foi isenta de controvérsias. Quando a Segunda Guerra Mundial interrompeu seu trabalho, tanto Atanasoff quanto Berry passaram a se dedicar a outros empreendimentos. Enquanto isso, J. Presper Eckert e John Mauchly, desenvolvedores da máquina ENIAC na Universidade da Pensilvânia, receberam a primeira patente para um computador digital eletrônico.
No entanto, em 1973, uma decisão legal significativa do juiz federal dos EUA, Earl R. Larson, anulou as patentes do ENIAC, reconhecendo o trabalho fundamental de Atanasoff. Esse reconhecimento foi ainda mais solidificado quando o presidente George Bush concedeu a Atanasoff a Medalha Nacional de Tecnologia em 1990. Infelizmente, Berry havia falecido em 1963 e não viveu para ver essa vindicação.
A estrutura original do ABC foi desmontada no final dos anos 1940 e quase perdida para a história. No entanto, em 1997, uma equipe da Iowa State e do Laboratório Nacional Ames do Departamento de Energia dos EUA reconstruiu uma réplica do ABC. Esse processo meticuloso, envolvendo pesquisadores, engenheiros e estudantes, custou US$ 350.000 e levou quatro anos.
Hoje, a réplica reside no Computer History Museum em Mountain View, Califórnia, servindo como um testemunho do papel inovador do ABC na história da computação. Este projeto não apenas preservou o legado físico do ABC, mas também reacendeu o interesse pelos primeiros dias da computação.
O Electronic Numerical Integrator and Computer (ENIAC), desenvolvido durante a Segunda Guerra Mundial e concluído em 1945, é frequentemente aclamado como o primeiro computador digital eletrônico de uso geral. Marcou um salto significativo nas capacidades computacionais e estabeleceu as bases para desenvolvimentos futuros.
Projetado e construído na Universidade da Pensilvânia por J. Presper Eckert e John Mauchly, o ENIAC foi originalmente destinado a cálculos de trajetória de artilharia para o Exército dos EUA. Era uma máquina colossal, pesando cerca de 30 toneladas e contendo mais de 18.000 tubos de vácuo, 70.000 resistores e 10.000 capacitores.
O desenvolvimento do ENIAC significou a transição da computação mecânica para a eletrônica. Embora fosse muito diferente dos computadores modernos em termos de tamanho e facilidade de uso, seus princípios de design e base eletrônica influenciaram gerações subsequentes de computadores. O legado do ENIAC é evidente em sua influência sobre computadores posteriores, como o UNIVAC, também desenvolvido por Eckert e Mauchly.
O Colossus, desenvolvido pelos criptoanalistas britânicos durante a Segunda Guerra Mundial, foi um computador pioneiro usado para criptanálise. Embora sua existência tenha sido um segredo bem guardado por décadas, o Colossus desempenhou um papel crucial na decodificação das comunicações alemãs.
Desenvolvido em Bletchley Park, no Reino Unido, o Colossus foi projetado para quebrar o cifrário Lorenz, utilizado pelo Alto Comando Alemão. Foi obra do engenheiro Tommy Flowers, que propôs o uso de válvulas eletrônicas (tubos de vácuo) para acelerar as tarefas de quebra de código.
O Colossus permaneceu um segredo até a década de 1970. Suas contribuições para o esforço de guerra e o campo da computação foram imensas. Estabeleceu as bases para o desenvolvimento de sistemas eletrônicos e programáveis, influenciando o design de futuros computadores. O Colossus é um testemunho do papel crucial da computação na segurança da informação e inteligência.
A Manchester Small-Scale Experimental Machine, também conhecida como Manchester Baby, foi um marco na história da computação. Construída em 1948, foi o primeiro computador a armazenar tanto seu programa quanto seus dados em memória eletrônica.
Desenvolvido na Universidade de Manchester, na Inglaterra, por Frederic C. Williams, Tom Kilburn e Geoff Tootill, o Manchester Baby foi inicialmente um banco de testes para o inovador tubo Williams-Kilburn, uma forma primitiva de memória de computador.
A bem-sucedida demonstração do conceito de programa armazenado pelo Manchester Baby foi um momento crucial na computação, influenciando o design de futuros computadores. Levou ao desenvolvimento do Ferranti Mark 1, o primeiro computador de uso geral comercialmente disponível. O Manchester Baby, portanto, ocupa um lugar especial na história da computação, representando um passo fundamental em direção às arquiteturas de computação moderna.